Intérprete: Lourdes Van Dunem
Álbum: Ser Mulher
Ano: 2009
Género: Semba
Formato: MP3
Qualidade: 128kbps
Tamanho: 51 MB
Servidor: Megaupload
Tipo de Ficheiro: rar
01. Uxidi
02. Búzio
03. Mungongo
04. Mwabelela
05. Tic-Tac
06. Ser Mulher
07. Catorzinha
08. Monami
09. Imbwa kegie Ngana Ié
10. Felicité
11. Ritmo da Paz
Lourdes Van-Dúnem Diva Do Canto Dolente
Embora os preceitos conservadores da sociedade colonial, reservassem à mulher uma mobilidade artística limitada, e um papel social circunscrito a regras comportamentais muito rígidas.
a expressão do canto angolano, no feminino, teve o mérito de transpor as barreiras do preconceito e de ter ultrapassado o estoicismo moral, muito arraigado na época colonial.
A mentalidade e a moral dominante, no período da colonização portuguesa, olhavam de soslaio as mulheres que se exibiam em palco, sendo, em consequência, aviltante e mal reputada a profissão de cantora.
Contudo, Lourdes Van-Dúnem conseguiu, no seio familiar, grangear a compreensão do pai, Ovídio dos Santos Pereira Van-Dúnem, e o apoio, sem reservas, do seu padrinho, primo da mãe, Bento Catela Duval, o responsável pela descoberta do timbre vocal de Lourdes Van-Dúnem.
A mulher, na história social da Música Angolana, está consubstanciada nas vozes paradigmáticas de Belita Palma, Conceição Legot, Lilly Tchiumba, Dina Santos, Garda, Alba Clington, Celita Santos, Milá Melo, Tchinina, Sara Chaves, Conchita de Mascarenhas e Lourdes Van-Dúnem.
Note-se que citamos apenas as cantoras cuja proeminência histórica nos é dada pela magnitude estilística, de base angolana, e pela qualidade do legado artístico do conjunto das suas obras.
Algumas cantoras, de origem e nacionalidade portuguesa, diziam sentir, no íntimo, o pulsar da força da angolanidade rítmica. Sara Chaves, por exemplo, foi uma intérprete importante no panorama artístico angolano e chegou a gravar, nos anos 1960, o tema, “Kuricuté”, em kimbundo, de António Pascoal Fortunato (Tonito), acompanhada pela orquestra do Maestro Casal Ribeiro.
O percurso
Maria de Lourdes Pereira dos Santos Van-Dúnem nasceu no bairro dos Coqueiros, em Luanda, na rua Adelino Dias, no dia 29 de Abril de 1935, e morreu, vítima de doença, em 4 de Janeiro de 2004.
Cantora de reconhecido mérito artístico, enquanto intérprete e compositora, concluiu o ensino primário na Liga Nacional Africana e o secundário no colégio Dª Ana de Castro e Silva, tendo frequentado, posteriormente, o colégio D. João II, onde concluiu o segundo ano.
Lourdes Van-Dúnem começou a cantar no colégio, ainda muito jovem, e aos poucos foi-se evidenciando, no panorama musical angolano, acabando por efectuar várias digressões por Angola e Portugal, com o agrupamento “Ngola Ritmos”, tendo gravado o seu primeiro single, “Monami”, um clássico da música angolana, com o agrupamento Jovens do Prenda.
A integração no "Ngola Ritmos"
Nos finais da década de 1960, Bento Catela Duval contacta o carismático Liceu Vieira Dias, do conjunto “Ngola Ritmos”, e Lourdes Van-Dúnem passa a integrar a secção de vozes do grupo, formado, neste período, por Nino Ndongo, Xodô, Amadeu Amorim e José Maria.
Amadeu Amorim recorda que numa das digressões do conjunto “Ngola Ritmos”, pela província de Benguela, as vozes de Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem ecoaram pelo bar do Tio Xandocas, o que ocasionou a paragem do trânsito das redondezas.
A revista “Noite e Dia”, numa das suas edições, considerou-a “gaivota-negra que canta a sua dor”. De facto, foi com a composição e gravação, no quintal do guitarrista Nino Ndongo, do tema “Monami”, que Lourdes Van-Dúnem começa a ser reconhecida pelo grande público.
Em “Monami”, uma canção dolente, inspirada numa melodia brasileira, a cantora lamenta, de forma nostálgica e triste, a morte de um dos seus três filhos.
Lourdes Van-Dúnem pisa o palco pela primeira vez, com o Ngola Ritmos, em 1950, num programa de variedades organizado pelo Grupo Teatral Gexto. Lourdes gostava de ouvir e interpretar temas da cantora portuguesa, Amália Rodrigues, e da brasileira Ângela Maria.
No entanto, foi com o seu primo Antoninho Van-Dúnem que Lourdes aprende a cantar “Ki ngui kamba” e “Totoritó”, os primeiros temas do cancioneiro angolano, em kimbundo, interpretados pela cantora.
Depois de uma paragem temporária do “Ngola Ritmos”, Lourdes Van-Dúnem integra e ajuda a fundar, em 1957, o Trio Feminino formado pela Belita Palma (tambores), Conceição Legot (guitarra) e Lourdes Van-Dúnem (dikanza). Desta fase ficaram, na história, as canções “A máscara da face” e “Diá Ngo”, dois grandes sucessos do Trio Feminino.
Como profissional de rádio, Lourdes Van-Dúnem apresentou, ainda em 1957, os programas “Kapapumuka” e “Kussunguila”, como locutora da então Emissora Oficial de Angola, e foi fazendo traduções de português para o kimbundo.
Em 1973, grava, com os Jovens do Prenda, “Ngongo ua Biluka” (mundo está louco), com Zé Keno (guitarra solo), Mingo (guitarra rítmo), Kangongo (guitarra baixo), Very Inácio (tumbas), Chico Montenegro (bongos), Didi (dikanza), e Tony do Fumo (percussão).
Homenagens e digressões
Nos anos 1980, Lourdes Van-Dúnem fez uma importante digressão artística pela Argélia, e, de regresso a Angola, foi figura de cartaz, de 9 a 12 de Junho de 1987, numa temporada de concertos realizados no Hotel Presidente Meridien, em Luanda, ao lado do cantor e compositor, Filipe Mukenga e da Banda Madizeza, por ocasião do Dia de Portugal.
No dia 29 de Março de 1991, Lourdes Van-Dúnem recebeu, pelo Hotel Turismo, o diploma da “Voz feminina mais antiga da República de Angola” e participa na “Expo 92”, em Sevilha, tendo sido agraciada, em 31 de Junho de 1993, com diploma de honra de “Homenagem aos Pilares da Música Angolana”.
No dia 20 de Fevereiro de 1994, participou no programa, “Show do Mês”, da Televisão Pública de Angola, e, em 1996 no Festival da SADC, em Harare, no Zimbabwe.
A cantora recebe o diploma do governo da cidade de Luanda, no dia 24 de Janeiro de 1996, pelos serviços prestados à cultura da cidade, nas comemorações do 420º aniversário da fundação de Luanda.
Em 1997 participou no festival do Comité Internacional da Cruz Vermelha, em Paris, no “Le Parc de la Villette”, e em Janeiro de 1997 a editora Nova África, coloca no mercado a segunda edição do CD, “Ser Mulher”.
No dia 3 de Setembro de 1997, Lourdes Van-Dúnem participou e encerrou o festival de “San City”, na África do Sul, e, na sequência, foi premiada, em Outubro de 1997, com o diploma “A Mais Poderosa da Música Angolana”, num baile realizado pelo Restaurante XL.
Em Novembro de 1997, Lourdes Van-Dúnem foi membro do júri do concurso da canção “Luanda a nossa casa comum”, do governo provincial de Luanda.
A 31 de Dezembro de 1997 recebe o diploma da “Melhor Voz Feminina na Valorização da Música Angolana”, da Rádio Nacional de Angola, e participa, em 1998, como convidada especial, nas gravações do CD do “Projecto Pomba Branca”, em saudação à paz em Angola.
Lourdes Van-Dúnem foi coroada Rainha das Vozes Femininas, pelo Ministério da Cultura, no quarto Festival Nacional de Vozes Femininas, pelo reconhecimento dos 50 anos de carreira. A cantora, que já tinha sido homenageada pelo programa "Caldo de Poeira", da Rádio Nacional de Angola, recebeu uma coroa de prata.
Através da Secretaria de Estado da Cultura, nos finais dos anos 80, a cantora fez várias tournées pelo norte e sul de Portugal, havendo a destacar a participação na Quinzena Cultural Angolana, em Lisboa.
Na senda das suas digressões, visitou várias vezes o Brasil, uma das quais nas comemorações do projecto musical, “Zumbi dos Palmares”, a convite do conceituado artista brasileiro Martinho da Vila.
Em 1975, uma violenta queimadura causada por produtos químicos, fê-la abandonar, por um longo período, a vida artística. Só a coragem, o amor à música e uma filosofia existencial, sem preconceitos, a fizeram continuar a carreira e regressar aos palcos.
Fonte: Jornal De Angola
Quero baixar o album da lourdes van dum
ResponderEliminarnem ta dar certo mandam-me uma dica porfavor. OrlandoSheboy
Uma grande mulher e um grande nome da nossa música! Näo sabia...
ResponderEliminarNão consigo baixar ajudem-me por favor
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